Presidente da República de
Macondo passeia com seus capangas numa padaria, e tira, ao vivo, uma meleca do
nariz para cumprimentar um pequeno grupo que se amontoa em volta dele para
fazer selfies com seus celulares.
O mais sortudo, aquele que
recebeu a meleca presidencial, como um jogo antigo de crianças chamado de passa
anel, vai para seu casebre orgulhoso, pensando em procurar uma redoma para
expor a relíquia na sala e, quem sabe, cobrar entrada, como fizeram Pelayo e
Elisenda com o anjo caído, no conto Um senhor muito velho com umas asas
enormes, do livro A incrível e triste história de Cândida Erêndira e sua avó
desalmada, de Gabriel García Marquez, que o presidente nunca leu.
A Meleca Presidencial
escorrega das mãos do sortudo, cai numa vala de água suja e é encontrada meses
depois por dois catadores de lixo na cidade de Goiânia, eles têm vômitos
frequentes, diarreia, tontura e mãos inchadas, enquanto notam um brilho azul
emanando da meleca, e concluem que só pode ser uma meleca preciosa, ou mesmo
algo sobrenatural. E quinze dias depois, todos que tocaram a meleca reluzem
seus corpos brilhantes, e começam a morrer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário